sexta-feira, abril 29, 2011

Presente em falta

Eu nunca havia percebido a importância das coisas até então, me levantar aquela manhã e ir em direção ao meu quarto bagunçado após um curto feriado com visitas, ao chegar lá não via por onde iniciar a arrumação, comecei pelas camas, esvaziei-as deixando a mostra a capa dos colchões, guardei todas as roupas espalhas pelo quarto, até as que não me pertenciam, desocupei todos os móveis, recolhi todos os copos, retirei todas as garrafas, limpei todos os objetos, organizei exatamente como estava antes dele acontecer. A exaustão estava grande, sentia necessidade de um banho, sentia necessidade de me sentir limpo, de tirar todas as coisas ruins que o feriado havia me deixado, precisava voltar ao estado normal. Voltei ao quarto para me vestir, era como se nada tivesse mudado, como se toda a bagunça continuasse no quarto, mesmo agora ele estando impecável, a lembrança do ocorrido ainda estava fresca e o cheiro de saudades estava espalhado pelas quatro paredes amareladas, assim como o quarto, eu também estava como antes, não havia mudanças, o sentimento era de que nada havia mudado, que as camas continuavam abarrotadas de cobertas e travesseiros, copos espalhados por todos os móveis, marcas de um pouco de bebida derramada ao chão, os objetos fora de ordem, precisei de um tempo parar digerir o que acontecera ao que estava mudado.
Tudo havia acontecido àquela manhã para que eu percebesse que embora eu houvesse trazido tudo de volta, arrumado tudo como fora, nada mais seria igual. Após você, nada, nunca mais foi igual. Eu voltei a usar as minhas roupas velhas, com os meus amigos velhos, ouvindo musicas velhas tentando rejuvenescer, para tentar fazer você voltar, pra tentar fazer você fazer parte da minha vida novamente, isso também não adiantou, não adiantaria nada sem você, você me fazia diferente e igual, você me fazia Gabriel ao invés de me moldar, você fazia parte de mim, você ainda faz... só não se lembra mais disso.

sábado, abril 16, 2011

8 ou 80

A vida não vem dando colher de chá a todos, acho que fui um a quem a colher foi negada, me tornei uma pessoa diferente. Antes eu aceitava, meios sorrisos, meias risadas, meios amores, meio queridos, hoje em dia eu busco pessoas sem esse meio, não necessáriamente a metade, mais quero pessoas que saiba o que sentem ou o que querem que sintam, quero totais sorrisos ou puras lágrimas, altas gargalhadas ou choros de soluço, quero amores de verdade ou nem um sequer afeto, quero amigos de verdade e não só pela metade.