sábado, abril 27, 2013

Luminárias


Aí, que saudades sinto do cheiro de terra.
Quanta falta sinto do meu ribeirão.
Sinto falta da Dona Lindalva dando aula no colégio,
Dos domingos lotados de tédio.
Falta dos vizinhos mais próximos,
De pular a laje para fazer arte no porão.
Óh, quanta falta, quanta recordação.
A infância, dança, cansa, mas nunca irá me deixar.
A criança que sou, eu fui lá.
Eu aprendi lá.
Eu dediquei lá.
Os meu valores, os meus temores, minha parte mais doce da vida.
De uma cidade de luzes,
De uma cidade, Luminárias.

Inho


Ao sinhozinho,
Oh, meu benzinho,
Vejo sempre amanhecer azulzinho
Quando fico ao seu ladinho.
Podes ser pequenininho,
Mas inho é muito mais que muito ão.
Não adianta seres um homão
Se não couber em ti um coração
Se não divides comigo sua mão
Seria como vida em solidão.
Por isso quero-te sempre inho,
Sempre com carinho,
Tudo de mansinho,
Para nunca mais se encontrar sozinho.

Ao meus vícios imorais à Vinícius de Moraes


Ah, quanta falta eu sinto da simplicidade.
Ah, quanta falta eu sinto da velha cidade
Das manhãs de verão, das meninas na praia.
Ah, que saudades sinto da baia de Guanabara,
Dos bares da lapa, da vista do corcovado.
Se passaram cem anos de passagem
Sem você nos guiando com maestria.
As garotas de Ipanema, saravá.
Ao boêmios cariocas, sarava.
A poesia de bar, sarava.
Ao jeito certo de viver, sarava.
Ao meus vícios, ao Vinícius, saravá!

Vômito em quatro letras


A cama parecia cheia enquanto você deitava vazia.
As taças permaneciam como as havia deixado.
Você já não era mais a mesma.
A noite seguiu como costumeira.
Os mesmos toques, os mesmos lugares,
o mesmo ritmo, o mesmo tempo
e quase cronometrado, o orgasmo.
Na manhã seguinte tudo estava certo
mas nada estava em seu lugar,
meu estomago estava na cabeça
e minha mente revirava.
Meu coração saia a boca
como um vômito atrasado
que já deveria ter tido.