Desculpa.
Não há outra forma de começar. Não sei a melhor forma, mas
eu tenho que começar. Eu não sei direito nem por onde. Eu nunca imaginei que a
noite seria como foi.
Uma mão me abraçando, o susto, nós correndo. O desenho que
não assistimos, os beijos que não terminamos, as cicatrizes que marcavam seu
corpo. Aquela sensação que a muito eu não sentia.
O dia todo me vinha à mente: você, a sua forma desposta na
cama, o desenho do seu corpo no lençol, seu cheiro. Logo depois o interesse,
Carrie & Lowel, sorvete e pipoca, o convite para um filme.
Silêncio.
Foi o que restou.
A frustração do não dito não me deixa dormir. A incapacidade
de decidir o que dizer, como dizer, me trás uma inquietação descontrolada,
tremo o corpo todo, incessantemente.
Eu queria poder te explicar algo mais romântico, metaforizar
Romeu e Julieta. Você, Montecchio. A censura do diálogo me corta alma. Sinto
quase como se entendesse como dois jovens são dispostos a largar o mundo por
uma eternidade juntos.
Talvez.
Talvez nada, talvez um fim como qualquer outro, de exercer o
feio habito de marcar um dia para marcar um dia e ficar sempre sem realmente
definir o que estaria por vir. Apesar de tentar não irei conseguir dizer.
Desculpa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário