sábado, março 12, 2016

Eu, nº 17 da Laranjeiras

                Onde há um padrão, o que destoa gera estranheza. Diferente das demais, o tráfego em mim é mais frequente que nas outras casas, onde os moradores nasceram e se criaram ao meu redor, eu sempre sou a escolha das pessoas transitórias. A minha relação humana mais duradoura teve o breve período de um ano, onde as marcas de crescimento das crianças nem sequer foram feitas, onde a decoração recém-adquirida mal foi aplicada e nem sequer no decorrer destes dias se sabia o caminho quando ainda estava escuro.
                É estranho saber que em todas as casas iguais, as pessoas se fixaram, mas devido a minha estranheza, meus hóspedes sempre partem. Por um lado, invejo meus vizinhos, pelo padrão definido de criação, onde o jardim é sempre na frente e nos fundos sempre há piscina. Apesar do meu segundo andar, as pessoas que me visitam acabam optando por um outro lugar, nunca fui a primeira opção, mas carrego comigo o consolo de que em mim houve mais felicidade que tristeza e que apesar do pouco tempo a lembrança das pessoas em sua maioria são prazerosas.

                Ainda não pude receber novamente quem um dia me habitou, acredito que a pessoa que voltar pode vir a me ganhar e por aqui permanecer, embora este sonho esteja sempre guardado, pois ao andar pelas laranjeiras, onde todos se conhecem desde menino eu sempre fui a moradia dos novos vizinhos, sempre fui palco da descoberta, do choque dos novos hábitos, da rebeldia dos jovens despojados, do frenético movimento de carro dos empresários. Talvez um dia surja alguém, que assim como minha arquitetura, destoe de todos os outros e só assim, terá de mim a relação que o padrão nunca lhe ofereceu.

Eu, passarinho

Você passou.
Assim como todos os outros,
Como todos os meses,
Como todos os dias,
Como todas as horas.

Não sumiu, passou.
Como quem já não se importa,
Como quem já seguiu em frente,
Como quem já não volta.

Você também passou
Mesmo jurando nunca passar,
Como os outros.
Mesmo prometendo sempre tentar,
Como os outros.
Mesmo mentindo dizendo nunca deixar de me amar,
Como os outros.


Você passou,
Eu vou passar,
Até a dor que eu sinto um dia vai.

terça-feira, abril 14, 2015

Sinto muito Terezinha

Sinto muito Terezinha
Sinto muito pelo fim
Sinto pelo tempo que não passou
Sinto muito, enfim.

Amanhã talvez tu volte
Ou ele volte com tu
Ou nada disso acontece
E tu apenas cresce...

Sinto muito Terezinha
Sei dos sonhos de vocês
Sei dos meses de vocês
E sinto muito pelo fim

Talvez ele não se esqueça
Dos carinhos recebidos
Dos apelidos sortidos
E volte a viver junto a ocê

Sinto muito Terezinha
A tarde eu já não sinto mais
A vida há de de te presentear, Terezinha
Com um novo rapaz.

sexta-feira, março 21, 2014

Tem coisas que vai não vai,
cai não vai,
cai e não vai.

Tem coisa que ia e vinha
tinha e era,
e nunca foi.

Tem coisa é melhor deixar assim
não dita.

sábado, março 01, 2014

Lentamente
me sinto doente
me sinto sem mim,
no fim,
prestes a acabar.

Talvez me acabe sim,
ou por fim resolva voltar.

A falta de amor me mata lentamente,
como a falta de água para o corpo,
como a falta de chuva para terra,
minha vida sem amor é vão,
é não,
minha vida sem amor não é vida
é simplesmente uma estrada comprida.